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CRÍTICA: XXY (2007) DIR.: LUCÍA PUENZO


Lucia Puenzo, nascida na Argentina, fez sua estréia no cinema com esse drama que se passa em um vilarejo no Uruguai. No local, vive Alex, que nasceu com ambas as características sexuais. Tentando fugir dos médicos que desejam corrigir sua ambiguidade sexual, seus pais a levam para esse local, onde vivem isolados em uma casa nas dunas. Até que um dia, a família recebe a visita de um casal de amigos e junto com eles seu filho de 16 anos.


O "XXY" do título é também chamado de Síndrome de Klinefelter, ocorrendo quando uma pessoa do sexo masculino apresenta um cromossomo X a mais. Essa alteração da genética clássica desses indivíduos, que é formada por um cromossomo X e um Y, pode levar a alguns problemas mais complexos e que acompanham a pessoa por toda a vida. A intersexualidade ou hermafroditismo, é um "erro" genético e ocorre em 0,2% dos recém nascidos.


Lendo um pouquinho dessa sinopse e da nossa "pesquisa wikipédia" sobre o tal XXY, é possível já iniciar a sessão entendendo o estado sexual da protagonista. Já para quem embarca sem nenhuma informação prévia (recomendável), fica nos primeiros 30 minutos uma dubiedade sobre sexualidade. Alex tem problemas na escola, agrediu o melhor amigo, toma corticoides e vive isolada. Nesse "barco", somos como os moradores do vilarejo, com curiosidades e questionamentos sobre o que ela ou ele é e porque vive todos esses problemas. Quando é revelada a intersexualidade, conseguimos compreender um pouquinho da dimensão da situação e até refletirmos sobre a decisão dos pais, de não fazer a cirurgia de "correção" no nascimento da filha, uma das opções atualmente.


Ainda que a protagonista da história seja Alex, a presença do garoto Álvaro também é significativa dentro da trama e que agitará ainda mais os seus instintos. Diferente dos outros jovens do local, ele enxerga e aceita como ela é, desenvolvendo até uma certa atração que pode definir sua sexualidade ou gerar ainda mais dúvidas. Ambos enfrentam momentos e descobertas que podem mudar suas vidas para sempre. É curioso que em uma das cenas, Álvaro pergunta para o pai se ele parece "legal" ou "interessante" e recebe uma resposta negativa e seca. Um pouco antes, o pai de Alex ao conversar com uma adulta que enfrentou a mesma condição da filha, diz que um dos motivos pelo qual não fez a cirurgia de correção ainda na maternidade, é por tê-la enxergado perfeita. Uma demonstração de quanto a perfeição é volátil e está nos olhos de quem vê, onde defeitos ou acertos genéticos não são significativos para gerar ou não amor e carinho pa(ma)ternal.


Corajosamente, Alex foi o papel de estreia da atriz Inés Efron no cinema, excelente ao viver todos os conflitos e medos de Alex, e que futuramente resultaria na sua participação no sucesso "Medianeras". Entre os nomes mais famosos do elenco, temos Ricardo Darín - ícone do cinema argentino e em uma performance singela e contida como o pai. Seja por Darín ou por qualquer outro motivo, "XXY"´é um filme necessário para conferir uma abordagem sensível desse estado sexual deixado de lado no cinema e por vezes dentro da própria comunidade LGBT.


Vencedor do Prêmio da Crítica no Festival de Cinema de Cannes e exibido na Mostra Mundo Gay, Festival do Rio 2007.

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